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Deu tanta repercussão a entrevista que fiz com o jornalista Célio Romais (que aliás só virou jornalista porque era um dexista apaixonado) sobre Ondas Curtas, no jornal Agora, que reproduzo aqui (na íntegra) para quem não leu.1) O que são ondas curtas?São faixas de radiodifusão, assim como o AM e o FM. Elas têm características especiais de propagação e, por isso, são utilizadas para emissão a longa distância. As freqüências de ondas curtas são disponibilizadas nos receptores em faixas de metros. Então, temos os 13, 16, 19, 25, 31, 49 e outras faixas. Geralmente, em aparelhos analógicos, elas são indicadas no dial por "OC" ou "SW", que é a abreviação de short wave. Uma freqüência de 9575 kHz, por exemplo, está inserida na faixa de 31 metros. Num receptor digital, basta apenas digitá-la para captar a emissora. 2) Qual a diferença das outras ondas?Uma emissora de ondas curtas é captada no mundo inteiro. Dependendo de sua potência, pode ser ouvida nas Américas, África e Europa. Ela não precisa de concessão do governo, por exemplo, da Nigéria, para ser ouvida naquele país, o que é exigido em AM. O sinal de FM é limpo, mas limitado, pois vai em sentido reto, diferente das ondas curtas, que bate na ionosfera e retorna, viajando milhares de quilômetros. Então, fica mais fácil usar ondas curtas, que atingem diversos países, de um modo simples e ágil. 3) Como sintonizar ondas curtas?O primeiro passo é adquirir um bom receptor. Geralmente as lojas de galerias de grandes cidades têm receptores dos mais simples aos de ponta. O ideal seria adquirir um digital. Um excelente receptor custa em torno de setecentos reais. Mas existem os mais simples, que são encontrados por 150 reais. Além da antena telescópica, os radioescutas usam antena externa. Alguns receptores são vendidos com uma antena de carretel, de 5 metros, que melhoram os sinais das ondas curtas. Com o tempo, o radioescuta iniciante passa a conhecer outras maneiras de melhorar a recepção, principalmente na parte técnica, com a montagem de antenas e filtros para ruídos.4) Qual o melhor horário para ouvir ondas curtas?Depende da faixa. Algumas são ouvidas muito bem pela manhã. Outras à tarde e praticamente grande parte delas à noite. A faixa de 13 metros tem excelente propagação durante todo o dia, enquanto que 25 metros alcança grandes distâncias à noite.5) Quais as dificuldades para se ouvir ondas curtas?Na minha opinião, são as interferências externas, vindas de outros aparelhos: televisão, lâmpadas fluorescentes e computadores. O ideal seria residir em casa, com espaço para montar uma boa antena e, se possível, longe das interferências. Quem reside em apartamento, como é meu caso, deve esticar um fio de cobre na janela.6) Quem escuta ondas curtas?Milhares de pessoas. Em alguns países, 75% da população têm receptores com faixas de ondas curtas, como é o caso da França e Hungria. Sem falar nos países do Terceiro Mundo, como o Brasil. Qual a emissora que pode ser sintonizada no interior do Amazonas ou Pará? Uma de ondas curtas. Emissoras como a Aparecida e Bandeirantes são muito captadas em pequenas cidades da própria Região Sudeste. Afora isso, existe um grupo de pessoas que escutam ondas curtas por hobby. São os dexistas. Vem da sigla DX: "D", de distância e "X", de desconhecido. Um ouvinte de ondas curtas pode chegar facilmente a ser um dexista. O dexista é aquele que não se contenta apenas em ouvir um bom programa. Ele usa meios técnicos e usa cálculos de propagação para ouvir uma estação das Ilhas Salomão e Papua Nova Guiné. Por exemplo, a emissora de Honiara, capital das Ilhas Salomão, pode ser ouvida, no Brasil, no nosso inverno. É que haverá um caminho noturno entre os dois países lá é noite e aqui é manhã. Então, sem a presença do sol há a propagação. O objetivo do dexista é ganhar uma confirmação das emissoras. Ele manda um relatório com dados técnicos e recebe da emissora um cartão, chamado de QSL, que é a confirmação. É o seu troféu. Os dexistas e radioescutas são muito bem informados sobre tudo o que se passa no mundo. Os clubes de dexistas são muito organizados. No Brasil, temos o DX Clube do Brasil, que conta com excelentes publicações. 7) O que a programação apresentada em emissoras de ondas curtas oferece?De tudo, desde filatelia até músicas de países completamente desconhecidos do planeta. A Rádio Havana Cuba transmite informações sobre a política mundial, na visão de Fidel Castro. O mesmo ocorre com a Rádio Internacional da China. As duas emitem em língua portuguesa. A Rádio Romênia transmite excelentes programas, também em português, sobre a história, cultura, folclore e cotidiano daquele país. As grandes emissoras sempre noticiam tudo o que ocorre no mundo. É o caso da BBC, Voz da América, Rádio França, entre outras. Também temos o cotidiano de países como Equador, Peru, Bolívia e do próprio Brasil. Um programa chamado Mundo Solidário, levado ao ar pela Rádio Exterior da Espanha deveria ser ouvido por todos. Ele apresenta informações de organizações humanitárias que lutam por um mundo melhor nos piores lugares do mundo. Na minha opinião, as ondas curtas são mais uma fonte de informação, diferente das que temos: rádios locais, jornais e televisões. Tais veículos, muitas vezes, apresentam uma notícia que teve como fonte ou intermediário os Estados Unidos. Então, nada melhor do que ouvir uma rádio direta da fonte, de países como o Irã e China. A palavra "jihad" é traduzida no Ocidente como "guerra santa", mas de acordo com o ensinamento islâmico significa "esforço" ou "empenho". Eis a diferença. 8) Quais os programas que você indicaria para o novo ouvinte de ondas curtas?O Mundo Solidário, da Rádio Exterior de Espanha, é apresentado, todos os dias às 23h, em 9620 e 15190 kHz. Para saber mais das ondas curtas, indico o Altas Ondas, irradiado nas sextas e sábado às 13h, pela Rádio Voz Cristã, em 21500 kHz. Há, também, o DX HCJB, pela Voz dos Andes, nos sábados às 22h, em 11920 e 12020 kHz. Eu colaboro com os dois programas, enviando notícias. Ou, indico simplesmente ligar o rádio em ondas curtas e descortinar um novo universo a ser explorado.